Luanda – Finalmente, depois de uma chuva de inverdades noticiadas (a fim de justificar a morte de centenas de cidadãos angolanos) aos quatro ventos pelo Executivo de José Eduardo dos Santos, a verdade começa subir, aos poucos, à tona como o azeite.
Afinal, poucas horas depois do incidente ocorrido no Monte Sumi, no município da Caála, província do Huambo, no qual resultou inicialmente na morte de nove efectivos da polícia nacional e 13 crente da igreja “A Luz do Mundo”, José Julino Kalupeteka entregou-se voluntariamente – juntos com outros membros da sua caravana – aos elementos das Forças Armadas Angolanas (FAA), e que posteriormente o apresentaram à polícia nacional. Ele não foi capturado pelas autoridades como havia anunciado altos responsáveis da polícia nacional nos órgãos de comunicação social estatais.
A revelação foi feita pelo próprio Kalupeteka aos causídicos da Associação Mãos Livres durante o primeiro que mantiveram após a sua detenção a 16 de Abril do corrente ano, algures da província do Huambo.
“Na cadeia foi permitido o encontro com Kalupeteka por mais de 2 horas e 30 minutos sem a presença de nenhum agente prisional ou qualquer autoridade, permitindo assim uma conversa privado entre os advogados e o preso”, pode-se ler num dos parágrafos da nota de imprensa enviada ao Club K e que publicamos na íntegra.
Os causídicos da Associação Mãos Livres manifestaram-se preocupados pelo “facto de Kalupeteka se encontrar numa área de alta segurança sozinho sem contacto com os demais presos o que torna alarmante a falta de comunicabilidade” e “se constatou que Kalupeteka não tem acesso a rádio, televisão, jornais não sabendo sequer, os factos sobre a sua organização e membros. Não sabendo ao menos com a excepção do seu filho, quantos seguidores seus estão presos”.
Agora segue na integra a nota de imprensa da Associação Mãos Livres enviada ao Club K:
NOTA DE IMPRENSA
Na sequência dos acontecimentos ocorridos no Huambo, o denominado “caso Kalupeteca”, a Associação Mãos Livres vem através da presente informar que dos contactos que tem vindo a manter com a Procuradoria-Geral da República junto da Direcção Provincial de Investigação Criminal no Huambo, a equipa de advogados liderada pelo Dr. David Mendes, constituída para a defesa justa do cidadão em causa, foi acolhida pela PGR-Huambo no dia 3 de Junho de 2015.
Deste encontro mantido com o Magistrado do Ministério Público Dr. Sumbo se constatou o seguinte:
1 – Foi prorrogado o prazo de prisão preventiva de conforme o 25 artigo da Lei 18-A/92 – Lei de Prisão Preventiva em Instrução Preparatória.
2 – Que apenas 2 pessoas actualmente têm mandado de captura.
3 – A PGR-Huambo proibiu toda e qualquer perseguição e prisão á membros da Igreja a Luz do Mundo do 7º Dia. Logo, quem perseguir e prender sem mandado de captura será responsabilizado por prisão ilegal.
4 – Foi garantido que o cidadão Kalupeteka seria ouvido em novo interrogatório na presença dos seus advogados.
5 – Na cadeia foi permitido o encontro com Kalupeteka por mais de 2 horas e 30 minutos sem a presença de nenhum agente prisional ou qualquer autoridade, permitindo assim uma conversa privado entre os advogados e o preso.
6 – Nos preocupa o facto de Kalupeteka se encontrar numa área de alta segurança sozinho sem contacto com os demais presos o que torna alarmante a falta de comunicabilidade.
7 – Se constatou que Kalupeteka não tem acesso a rádio, televisão, jornais não sabendo sequer, os factos sobre a sua organização e membros. Não sabendo ao menos com a excepção do seu filho, quantos seguidores seus estão presos.
8 – Foi possível também constatar que a quando da sua apresentação voluntária as autoridades foi recebido por elementos das Forças Armadas Angolanas que o trataram com dignidade, mas quando apresentado à polícia, esta o torturou mantendo-se até hoje os indícios da tortura por ele sofrido.
9 – Na circunstância o Sr. Kalupeteka recebe tratamento médico e medicamentoso da equipa médica da Cadeia e tem recebido alimentação condigna.
10 – Associação Mãos Livres se compromete a passar novas informações nos próximos tempos.
Luanda, aos 5 de Junho de 2015
O Presidente
Dr. Salvador Freire dos Santos